Boa noite,

Antes de mais os meus parabéns pelo site que está muito bem conseguido e que condensa muita informação importante para a comunidade de formadores.

O que me trouxe por cá é a vontade de ser formador. E por enquanto ainda é só vontade, porque ando a procurar resposta a algumas perguntas que tenho antes de iniciar a Formação Inicial de Formadores, possivelmente em Setembro.

Sou licenciado em Bioquímica, trabalhei depois do curso como técnico de laboratório e trabalho agora como técnico de saúde. Sempre gostei de "ensinar", mas a vontade aumentou agora que a empresa onde trabalho dá formação, o que me pode permitir partir logo de algum lado.

Passando então às perguntas.

- Para se dar formação é preciso trabalhar para alguma empresa de formação ou pode-se trabalhar por "conta própria"? Ou seja, mesmo sem pertencer a uma entidade formadora, posso chegar a uma empresa qualquer e fazer uma proposta para dar formação aos trabalhadores deles, por exemplo? Ou lembrar-me um dia e alugar uma sala, publicitar um módulo de X horas e dar essa formação a quem se inscreva?

- O CAP permite trabalhar em escolas, colégios e afins? Eu que sou da área da Química por exemplo, posso ir a uma escola privada e oferecer os meus préstimos para lá dar aulas de Química? E ensino público, posso-me candidatar?

- Em relação às áreas em que posso dar formação, há alguma tabela que diga que uma pessoa formada em Bioquímica só pode dar formação em X e Y ou parte do bom senso de cada um ver se percebe do assunto da formação em causa ou não?

- Para trabalhar em centros de explicações, será que ter o CAP confere vantagem em termos de selecção?

- Imaginemos que dou formação gratuita de 6 horas num lar de idosos cá do burgo sobre Nutrição. Conta para a renovação do CAP?

- Como está o mercado de formadores no geral e como está o mercado de formadores na área das Químicas e Saúdes?

- Legislação no geral sobre actividade dos formadores, onde encontrar?


E pronto, já são muitas perguntas, mas penso que uma vez respondidas, é um tópico que será muito útil para futura consulta de todos os que ponderem ser formadores.

Muito obrigado a quem responder...

Boa tarde,

Bem, de facto são muitas perguntas. Vou tentar ajudar...

Também sou Bioquímica, embora não exerça, e trabalho na área da consultoria e formação em sistemas de gestão. Sei umas coisas acerca da formação profissional de activos, mas tenho pouca experiência na formação de jovens, pelo que sei pouco do assunto.

1) Para se dar formação, não é necessário trabalhar numa empresa de formação. No entanto, a formação ministrada por entidades formadoras acreditadas pela DGERT tem mais credibilidade, porque é reconhecida oficialmente.
Para a formação ser reconhecida para efeitos do cumprimento do Código do Trabalho, é necessário que seja ministrada pela própria entidade empregadora, por uma entidade acreditada ou por um estabelecimento de ensino. Na situação de dar formação aos trabalhadores de uma dada empresa, na minha opinião, pode ser considerada "formação interna" (apesar de o formador ser externo), pelo que é válida para este efeito.

2) O CAP só é necessário para formação co-financiada. Se uma empresa privada resolver dar uma formação não co-financiada, pode recorrer a formadores sem CAP. Mas, mais uma vez, se levantam questões de credibilidade...

3) Para dar "aulas" é necessário ser professor... E disso não percebo nada! Para dar formação em cursos com equivalência escolar (aprendizagem, EFA, etc.), se se tratar dos módulos "escolares", é necessário ter habilitação para a docência. No caso de não a ter, mas se tiver o CAP, poderá ser formador das componentes tecnológicas.

4) Não tenho conhecimento de nenhuma tabela que indique as áreas em que podde dar formação, excepto a legislação que refere quem tem habilitações para a docência.

5) Centros de explicações: não faço ideia, mas imagino que não.Creio que o que procuram são mesmo professores, com habilitação para a docência.

6) Toda a formação que der, desde que comprovada, conta para a renovação do CAP. Convém que peça para lhe passarem uma declaração do n.º de horas ministradas.

7) O mercado de formadores já esteve melhor. Já lá vai o tempo em que a formação era bem paga. Os financiamentos estão a diminuir, em particular aqui no Algarve...
Quanto às áreas da Química e Saúde, tenho conhecimento de que estão a surgir muitas acções na área dos SPAs, etc., que podem ser interessantes (há uma obrigação legal para quem trabalha nestas áreas). A área da Segurança Alimentar (HACCP) também é interessante.

8) Para além do FORMA-TE, sugiro que procure informação na DGERT. Mas o website não é muito friendly...

Espero ter sido útil...

Boa noite cara Joana,

Antes de mais o meu muito obrigado pelo tempo dispendido a responder às minhas perguntas. É de enaltecer o seu espírito de ajuda.

Entretanto surgiu outra pergunta (já eram poucas ):

- Li algures aqui pelo fórum que era preciso experiência profissional de 2 anos numa dada área para dar formação nessa área. É correcto? Sendo que trabalhei um ano em contexto de laboratório de investigação e uns meses agora como técnico de saúde, não poderei ainda dar formação em nada?


Respondendo às respostas anteriores...

1) Então no caso que referi de "oferecer" os meus serviços a empresas para dar formação aos seus trabalhadores, teria que fazer um contrato de prestação de serviços e como tal a formação passava a ser "interna"?

2) Diz que o CAP só é necessário para formação co-financiada. E para o caso da formação aos trabalhadores obrigatório segundo o Código do Trabalho, também não é preciso?

3) Como bioquímico parece que tenho(mos) habilitação para a docência em termos de Química. Poderia portanto dar os módulos relacionados com essa área?


E prometo que estou quase completamente esclarecido.

Crybaby,

Para poderes exercer nas escolas públicas tens 3 hipóteses:
1. Quando tiraste o curso, fizeste via ensino e és professor,
2. O teu curso dá-te habilitações para a docência apesar de não teres habilitações profissionalizantes (ou seja até podes concorrer mas ficas nos últimos lugares das listas no concursos)
3. Tens o CAP e depois dos concursos procuras no site do min da educ algo chamado: oportunidade de escola, e aí podes dar formação ás novas oportunidades e afins dos módulos da componente técnica da tua área de formação académica.
(Aqui no site do lado esquerdo tens um sitio que diz Habilitação para a docência se fores aí procura o teu curso e a faculdade onde o tiraste ficas logo a saber se tens ou não habilitações para dar aulas.)

Quanto a centros de explicações:
Eles deviam ter apenas professores mas na verdade isso nem sempre acontece pelo que se enviares CV ou responderes a anúncios para dares explicações das matérias em que te sentes a vontade certamente que alguém te irá responder. chamo-te a atenção para o facto de teres de estar muito bem dentro do programa que é dado para não explicares mais ou menos do que o suposto.

Experiência profissional de 2 anos? Não precisas de nada disso. Quer dizer algumas entidades solicitam mas ñ tens nenhuma lei que diga que tens de ter trabalhado na área.

Muito obrigado pela resposta caro Shed.

Uma questão em relação ao ter habilitação para a docência ou não. Ao abrir o pdf correspondente ao grupo de recrutamento de Física e Química aparece Bioquímica, mas depois a parte do estabelecimento aparece em branco.

Quer dizer que todos os cursos de Bioquímica dão esta habilitação independentemente do sítio onde foram tirados?

O grau L calculo que seja de Licenciatura, mas e ser 1º escalão, qual a diferença de ser 1º ou 2º escalão?

De resto muito esclarecedor tudo o que disseste.

L é Licênciatura, está correcto.

Os escalões têm a ver com remunerações e colocações.

Quanto a não ter lá a faculdade já não te sei responder. Manda um mail ao Ministério da Educação que eles respondem. Sorry não poder ajudar mais.